domingo, 29 de outubro de 2017

Laurissilva, uma floresta em perigo?
O homem nem sempre tem sido capaz de assegurar a continuidade da riqueza natural que recebe mesmo antes de nascer. Numa ligação umbilical, a dependência do seu bem estar com o meio que o rodeia raramente é vivida de forma  equilibrada, de modo a que as suas acções não coloquem em causa a integridade da biodiversidade que o recebe.

Indo muito além da decomposição do 'palavrão' biodiversidade em diversidade de vidas, teremos, forçosamente, de ter em conta o carácter multidimensional que se impõe a qualquer leitura dos impactos ambientais ou dos perigos e maleitas que afectam qualquer comunidade natural, onde interagem elementos de todas as parcelas da biosfera.

Atentemos na Floresta Laurissilva, uma floresta relíquia, considerada Património Natural da Humanidade, e que actualmente poderá ser encontrada em algumas regiões da Macaronésia, incluindo a ilha da Madeira, onde tem a sua parcela mais bem conservada, ocupando cerca de 15000ha, o equivalente a 20% deste território insular.

Graças à diversificação de espécies que mormente se regista em ilhas oceânicas (cf. Emerson & Kolm (2005), Whittaker et alli (2008) ou Witt & Maliakal-Witt (2007) e as suas teorias sobre esta temática), a Madeira possui uma elevada percentagem de espécies exclusivas, os endemismos, tanto da Madeira como da Macaronésia. Muitas dessas espécies integram a floresta Laurissilva, reforçando a ideia de hotspot da biodiversidade que se atribui à 'Pérola do Atlântico'.

Mas esta riqueza é constantemente ameaçada, regra geral, por pela acção humana. Dos incêndios à introdução de espécies, tudo conta numa pequena ilha que sofre à escala mundial as consequências das alterações climáticas, do tempo enquanto elemento chave e da incúria humana. Nesta equação deficitária impulsionada pelo homem é ele próprio o grande prejudicado, com repercurções imediatas no seu bem estar (cf. Millennium Ecosystem Assessment (2005)). A falta de água já se faz sentir em várias zonas, havendo nascentes que secam com frequência; há espécies que perdem terreno para as infestantes, com o 'falso verde' a ludibriar os menos atentos; a ilha está cada vez mais vulnerável (cf. as catástrofes naturais que têm afectado a Região, com particular detalhe na cidade do Funchal e o deserto de montanha que a condiciona).

Pese embora o trabalho que tem sido desenvolvido no sentido de conseguirmos medir com maior exactidão a biodiversidade madeirense, há que dar passos mais seguros em direcção à preservação da Laurissilva (cf. Araújo M. (1998) e a necessidade de construirmos  processos de avaliação mais eficazes) em consonância com todos os outros ecossistemas que com ela interagem e a condicionam, de modo a que os impactos humanos sejam minorados e a gestão ambiental ganhe prioridade, muito além de uma escala macroscópica.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

O início de uma nova caminhada...

Eis o primeiro de muitos textos, espero eu, que irão espelhar as  minhas ideias e intenções ao longo destes meses formativos em que, em conjunto com colegas e professores, irei procurar assimilar conhecimentos e evoluir enquanto cidadão participativo na causa ambiental.
Como já disse algumas vezes nas apresentações que fiz nesta e noutras unidades curriculares, sou um madeirense convicto de que a minha terra é uma das mais belas do Mundo. Com uma floresta relíquia que é Património Natural da Humanidade, a Floresta Laurissilva, aqui podemos encontrar vários endemismos, uma biodiversidade única, onde podemos encontrar vários exemplos de estratégias de conservação postas no terreno com diferentes resultados.

Da imagética da biodiversidade à realidade
Uma das palavras chave desta UC é o termo Biodiversidade. Nos últimos anos têm-se multiplicado as aplicações deste vocábulo, o certo é que tantas e tantas vezes servimo-nos dele sem ter a verdadeira noção da sua complexidade.
Ainda sem ter avançado nas leituras preliminares sugeridas pelos docentes, coloquei-me novamente a questão: mas o que é a biodiversidade? A desconstrução linguística do vocábulo não me parece ser suficientemente elucidativa. Este é, para mim, um termo de difícil definição pese embora a importância que o mesmo tem vindo a ganhar nos últimos tempos.
A meu ver, a Biodiversidade pode ser entendida como a totalidade dos genes, populações, espécies, comunidades e ecossistemas de uma determinada Região. Aqui incluem-se todos os seres vivos (bactérias, animais, plantas e fungos) que nela podemos encontrar. Os ditos 'bons' e os 'maus'.
Não podemos esquecer que são muitas as questões económicas e sociais que implicam o conhecimento dos recursos que temos à nossa volta, e que, por conseguinte, estão relacionadas com o conceito de Biodiversidade.